Déficit Previdenciário: TCU alerta para crise fiscal

Vital Rêgo afirmou que sistema previdenciário é como uma "bomba que não vai parar de explodir".
Déficit Previdenciário: TCU alerta para crise fiscal e necessidade de ajustes
TCU alerta para crise fiscal e necessidade de ajustes (Foto: Reprodução)

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, fez um alerta sobre a sustentabilidade da Previdência Social no Brasil diante do envelhecimento da população e da queda na taxa de natalidade. Ele classificou o sistema previdenciário como uma “bomba que não vai parar de explodir”, destacando que o atual modelo pode se tornar inviável sem ajustes.

📉 Déficit crescente e impacto fiscal

Em 2024, os gastos com aposentadorias e pensões do INSS atingiram R$ 960 bilhões, e a previsão para 2025 ultrapassa R$ 1 trilhão – a maior despesa primária do governo federal. O rombo do INSS foi de R$ 297 bilhões no ano passado, mantendo-se próximo ao registrado em 2023 (R$ 306,2 bilhões).

Além do INSS, a previdência do setor público e os sistemas de militares e pensionistas geraram um déficit adicional de R$ 112,2 bilhões, totalizando um rombo previdenciário de R$ 410 bilhões em 2024.

Vital do Rêgo destacou a queda na relação entre trabalhadores ativos e aposentados. “Há dez anos, tínhamos cinco contribuintes para cada beneficiário. Hoje, esse número caiu para 1,7. Isso inviabiliza completamente o sistema”, afirmou.

🛑 Medidas para conter o rombo

Para evitar o colapso financeiro da Previdência, o presidente do TCU propôs medidas de combate a fraudes, sem necessidade de novas reformas constitucionais.

Entre as ações implementadas pelo governo em 2023, esteve um pente-fino em benefícios temporários, como o auxílio-doença, com revisão de 800 mil processos para eliminar pagamentos indevidos.

⚖️ Reformas e propostas para ajustes

A última grande reforma previdenciária ocorreu em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, estabelecendo idade mínima de aposentadoria de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, além de um tempo mínimo de contribuição de 15 anos para mulheres e 20 para homens.

Segundo projeções do antigo Ministério da Economia, a reforma reduziria o déficit previdenciário em até R$ 1,07 trilhão em dez anos. No entanto, especialistas apontam que novas mudanças serão necessárias.

Entre os pontos que podem ser revistos, Vital do Rêgo mencionou a previdência dos militares e do setor rural. Ele defendeu que a previdência rural deveria ser tratada como assistência social, já que seus beneficiários não contribuíram para o sistema.

Já no caso dos militares, uma proposta enviada ao Congresso pelo governo prevê:

Idade mínima de 55 anos para aposentadoria nas Forças Armadas
Fim da “morte ficta”, que garante pensão mesmo quando militares são expulsos
Extinção da transferência automática da pensão militar
Contribuição de 3,5% ao Fundo de Saúde até 2026

Se aprovadas, as mudanças podem gerar economia de R$ 2 bilhões por ano.

🔎 O futuro da Previdência

Vital do Rêgo reforçou que o país precisa discutir o modelo de Previdência desejado e encontrar soluções estruturais para garantir a sustentabilidade fiscal. “O Brasil não quebra, mas pagar aposentadorias será um desafio cada vez maior”, alertou.

A discussão sobre a Previdência deve ganhar força nos próximos anos, à medida que o envelhecimento populacional avança e a base de contribuintes diminui.

Com informações do g1 e TV Globo