Fundação holandesa oferece recompensa por Informações sobre duplo assassinato

Holandês e namorada maranhense foram mortos a tiros em 2010, no bairro do Araçagi.
Fundação holandesa oferece recompensa por Informações sobre duplo assassinato
O holandês Joel Bastiaens e a sua namorada, a maranhense Sandra Dourado (Foto: Divulgação)

A Fundação Peter R. de Vries, organização holandesa que luta contra a impunidade em casos não resolvidos, está oferecendo uma recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à elucidação do assassinato do holandês Joel Bastiaens, de 23 anos, e de sua namorada, a maranhense Sandra Dourado, de 42 anos. O casal foi morto a tiros em 28 de fevereiro de 2010, no bairro do Araçagi, na divisa entre São José de Ribamar e São Luís, no Maranhão.

Desde sexta-feira (14), véspera do aniversário de Joel Bastiaens, a Fundação Peter R. de Vries iniciou uma campanha nas redes sociais e em seu site para divulgar a recompensa. O material de divulgação inclui um cartaz com a foto do casal, a data do assassinato e a pergunta em destaque: Você tem a Dica de Ouro?

Informações que possam contribuir com as investigações devem ser enviadas pelo site da instituição (https://www.peterrdevries.nl/joel-bastiaens-br/) ou pelo e-mail tip@peterrdevries.nl. As denúncias podem ser feitas de forma anônima.

Crime com características de execução

Segundo familiares das vítimas, o crime tem indícios de homicídio por encomenda e feminicídio. Sandra e Joel eram corretores de imóveis e foram atraídos ao bairro do Araçagi por um suposto comprador. No local, por volta das 10h20, os dois foram brutalmente assassinados. O inquérito policial nunca foi concluído, e as investigações foram paralisadas.

A campanha da fundação chega em um momento crucial, já que, segundo a legislação brasileira, o crime prescreverá em 20 anos. O caso completou 15 anos em fevereiro e integra a lista de homicídios impunes no Brasil. Um relatório do Instituto Sou da Paz, intitulado “Onde mora a impunidade?”, aponta que, em 2022, 61% dos homicídios no país não foram solucionados.

No mês do Dia Internacional da Mulher, os números são ainda mais alarmantes. Em 2024, o Brasil registrou 1.459 feminicídios, o maior índice da série histórica. Estados como Piauí, Maranhão, Paraná e Amazonas apresentaram os maiores aumentos de casos por 100 mil habitantes, conforme dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).

Fundação liderada por mulher busca justiça

A Fundação Peter R. de Vries é dirigida por Kelly de Vries, filha do renomado jornalista criminal holandês Peter R. de Vries, brutalmente assassinado. A organização se especializa na busca por justiça em assassinatos não resolvidos de cidadãos holandeses. As informações enviadas ao site são analisadas por uma equipe de advogados, especialistas forenses, detetives e jornalistas.

A instituição orienta que o formulário não deve ser preenchido com suposições, palpites ou observações sem embasamento concreto.

Pais de Joel denunciaram o Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos

Os pais de Joel Bastiaens visitaram São Luís em 2014 para acompanhar as investigações, que já estavam paralisadas. Revoltados com a impunidade, em 2018, denunciaram o Estado brasileiro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em Washington (EUA), por meio do escritório Nicodemos & Nederstigt Advogados Associados. O caso segue tramitando na Corte Internacional.

Em agosto de 2024, a Justiça condenou o governo do Maranhão a pagar R$ 160 mil de indenização à família, reconhecendo a omissão do Estado na investigação do duplo homicídio. A sentença destacou problemas como a falta de estrutura na delegacia, atrasos em diligências essenciais, pausas prolongadas no inquérito e perda de provas cruciais.

Relembre o caso

No dia 28 de fevereiro de 2010, Sandra Dourado e Joel Bastiaens foram mortos em uma casa no Araçagi. Eles foram atraídos ao local por um suposto comprador de imóvel e assassinados brutalmente.

Durante as investigações, o ex-marido de Sandra, o empresário Sérgio Damiani, foi apontado como suspeito, pois ela havia registrado boletins de ocorrência contra ele por agressão e ameaça de morte. No entanto, o inquérito nunca foi concluído, e as investigações foram interrompidas por anos.

Agora, com a nova campanha da Fundação Peter R. de Vries e a recompensa oferecida, os familiares esperam que informações cruciais possam finalmente trazer justiça ao caso.