SUS vai adotar teste de DNA para HPV e ampliar intervalo entre exames preventivos

A mudança será gradual e faz parte das novas diretrizes anunciadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca)
SUS vai adotar teste de DNA para HPV e ampliar intervalo entre exames preventivos
SUS vai adotar teste de DNA para HPV e ampliar intervalo entre exames preventivos (Foto: Reprodução)

O Sistema Único de Saúde (SUS) vai começar a substituir o papanicolau pelo exame molecular de DNA-HPV para rastreamento do câncer do colo do útero. A mudança será gradual e faz parte das novas diretrizes anunciadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). O novo método permitirá aumentar o intervalo entre as coletas de três para cinco anos, sempre que o resultado for negativo para o vírus.

A faixa etária atendida permanece a mesma: mulheres e pessoas com colo do útero entre 25 e 64 anos, na ausência de sintomas ou suspeita clínica.

O HPV está associado a mais de 99% dos casos de câncer do colo do útero, doença que ocupa o terceiro lugar em incidência entre mulheres no Brasil, com cerca de 17 mil novos registros por ano. Especialistas estimam que, com vacinação e exames regulares, a eliminação da doença pode ser alcançada em até duas décadas.

Segundo o Inca, o teste de DNA-HPV é recomendado pela Organização Mundial da Saúde desde 2021 por ter maior sensibilidade e precisão em relação ao papanicolau. Além de detectar o vírus, o exame identifica os subtipos oncogênicos, como o HPV 16 e 18, ligados a 70% dos casos de lesões precursoras do câncer. Isso permite um direcionamento mais rápido para exames complementares, como a colposcopia.

O pesquisador Itamar Bento, do Inca, destaca que o teste oferece segurança para prolongar o intervalo entre os exames: “O valor preditivo negativo é alto, ou seja, quando o resultado é negativo, é possível confiar e aguardar com segurança cinco anos para uma nova coleta”.

Outra novidade é que o teste será implementado em modelo de rastreamento organizado. Em vez de aguardar a procura espontânea da população, o sistema identificará e convocará ativamente pessoas do público-alvo. Dados recentes mostram baixa cobertura do papanicolau no Brasil, com apenas três estados registrando cerca de 50% de alcance entre 2021 e 2023. Em estados como Acre, Maranhão e Mato Grosso, o prazo para entrega de resultados frequentemente ultrapassa os 30 dias, dificultando o início do tratamento dentro do tempo previsto pela lei.

As diretrizes também incorporam duas inovações: a possibilidade de autocoleta, voltada a populações de difícil acesso ou com barreiras ao exame tradicional, e orientações específicas para o atendimento de pessoas transgênero, não binárias e intersexuais.

A proposta já foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e pela Comissão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. Agora, aguarda a análise final do Ministério da Saúde para ser oficialmente implementada.

Com informações da Agência Brasil