Renato Russo marcou gerações e ampliou os limites do rock nacional

Além da estética sonora, Renato impactou uma geração inteira, influenciou bandas e incentivou o hábito da leitura.
Renato Russo 65 anos: o legado que marcou gerações e ampliou os limites do rock nacional
Renato Russo faria 65 anos nesta quinta, 27 de março (Foto: Reprodução)

Renato Russo faria 65 anos nesta quinta-feira (27). Mais do que o vocalista da Legião Urbana, foi uma das figuras mais importantes da história da música brasileira e da formação cultural de uma geração inteira.

A trajetória de Renato Russo acompanhou de perto as mudanças sociais, políticas e culturais do país entre os anos 1980 e 1990, sempre conectando a linguagem do rock com temas universais, literatura e questionamentos profundos.

Renato Manfredini Júnior, nome de batismo, nasceu em 1960, no Rio de Janeiro, mas foi em Brasília que se consolidou como artista. Na capital, ainda adolescente, fundou a banda Aborto Elétrico, uma das principais sementes do chamado “rock de Brasília”, movimento que daria origem a nomes como Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana.

O cenário underground da época encontrou em Renato uma voz inquieta, com letras que refletiam as angústias de jovens em meio ao autoritarismo e à desigualdade.

Em 1982, já à frente da Legião Urbana, Renato Russo passou a se destacar nacionalmente. As letras, muitas vezes inspiradas por livros, filmes e referências literárias, conduziram milhares de jovens a novos mundos, incentivando a leitura, o pensamento crítico e a busca por autoconhecimento.

O repertório da Legião Urbana ia além do amor e da política: falava de solidão, fé, dilemas sociais e existenciais, sempre em tom direto e acessível.

Nos anos seguintes, Renato Russo tornou-se uma espécie de guia cultural de sua geração. Obras como Eduardo e Mônica, Tempo Perdido, Pais e Filhos, Será e Faroeste Caboclo viraram parte da memória afetiva de milhões de brasileiros. O vocalista, que cursou Letras e era fluente em inglês e italiano, expandiu as possibilidades do rock nacional ao lançar álbuns nesses idiomas, como The Stonewall Celebration Concert e Equilíbrio Distante, aprofundando ainda mais seu interesse por culturas estrangeiras.

Renato também foi reconhecido por sua capacidade de provocar inquietações. As canções nunca entregavam respostas fáceis, mas incentivavam descobertas, debates e leituras. Referências a filosofia, história, religião e literatura clássica eram frequentes em seu trabalho, aproximando os jovens de temáticas que antes pareciam distantes.

Mesmo após sua morte em 1996, aos 36 anos, Renato Russo segue presente na vida de diferentes gerações. Seus discos continuam entre os mais ouvidos das plataformas digitais e seu nome ainda surge como influência direta ou indireta em bandas, livros, séries e no comportamento de fãs que descobriram seu legado décadas depois de sua partida.

Aos 65 anos, caso estivesse vivo, Renato provavelmente continuaria compondo, traduzindo e inquietando o público, mantendo a proposta que sempre moveu sua carreira: fazer da música um canal de reflexão e descoberta.