Receita intensifica fiscalização contra contrabando de Mounjaro

Criminosos têm adotado métodos cada vez mais engenhosos para driblar a fiscalização.
Receita intensifica fiscalização contra contrabando de canetas para emagrecer
Canetas para emagrecer entram no Brasil disfarçadas de material escolar (Foto: TV Globo)

A Receita Federal tem reforçado a vigilância nos aeroportos brasileiros diante do aumento expressivo no contrabando de canetas para emagrecimento, como a Mounjaro, usada no tratamento de obesidade e diabetes. Criminosos têm adotado métodos cada vez mais engenhosos para driblar a fiscalização, escondendo os produtos em frascos de cosméticos, malas e até presos ao corpo, como dentro da cueca ou disfarçados de canetinhas infantis.

“Eles começaram trazendo como bagagem comum, mas agora ocultam de diversas formas, inclusive presas ao corpo”, relata Marcelo Costa, auditor fiscal da Receita Federal.

No mercado europeu, uma única caneta com dose mínima do medicamento custa cerca de R$ 1.200. No comércio ilegal brasileiro, o valor pode chegar a até R$ 5 mil, impulsionado pela alta procura. A substância só estará oficialmente disponível nas farmácias do Brasil a partir de 7 de junho, segundo a fabricante.

Apesar da venda proibida, a importação por pessoa física é permitida, desde que haja prescrição médica e o transporte esteja dentro das normas. “O passageiro pode trazer o medicamento como bagagem pessoal, se tiver receita médica válida”, esclarece a delegada Patrícia Miranda, da Alfândega do Aeroporto do Galeão.

Apenas em 2023, foram apreendidas 292 unidades de canetas Mounjaro no país. Em apenas dois meses de 2024, o número já saltou para 470. Diante do crescimento, a Receita Federal implementou uma operação de inteligência para mapear a origem dos voos e o perfil dos passageiros envolvidos no contrabando.

Especialistas alertam para os riscos da automedicação e do uso inadequado do medicamento. “É um remédio de tarja vermelha, de uso restrito, que exige acompanhamento médico rigoroso”, destaca Daniel Pereira, diretor da Anvisa.

Outro ponto de preocupação é o transporte irregular, que pode comprometer a eficácia do produto. “Quando é trazido junto ao corpo, a temperatura pode subir demais, o que interfere na estabilidade do medicamento”, explica Vânia Câmera, chefe do posto da Anvisa no Galeão.

Apesar da eficácia comprovada no controle da glicemia e da obesidade, o uso seguro das canetas depende de orientação profissional e do respeito à legislação sanitária vigente.

Com informações do Fantástico