Cidades do Maranhão lideram casos de descontos suspeitos em aposentadorias

A informação integra a investigação da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal.
Cidades do MA concentram alta incidência de descontos em aposentadorias, aponta CGU
No Maranhão, municípios como Altamira do Maranhão tiveram destaque negativo (Foto: Reprodução)

Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que municípios do interior do Maranhão estão entre os que mais registraram, proporcionalmente, descontos feitos por entidades associativas nas folhas de pagamento de aposentados e pensionistas do INSS. A informação integra a investigação da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal na última semana.

Segundo a CGU, com base em dados de março de 2024, 19 cidades brasileiras apresentaram índices superiores a 60% de aposentados e pensionistas com descontos associativos aplicados — a maioria delas localizada nos estados do Maranhão e Piauí.

A investigação apura suspeitas de que grande parte desses descontos, que podem ter movimentado até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, teria sido feita sem autorização expressa dos beneficiários.

No Maranhão, municípios como Altamira do Maranhão tiveram destaque negativo: no caso local, 84% dos descontos registrados beneficiavam a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag). A entidade foi alvo de mandados de busca e apreensão.

Lista e os percentuais de aposentados com valores descontados:

Apesar dos números alarmantes, ainda não há conclusão sobre quantos descontos foram efetivamente realizados sem consentimento. Em nota, a Contag afirmou que “atua com responsabilidade” e que colabora com as investigações.

Falta de estrutura e indícios de gestão irregular

Além do levantamento de dados, a CGU vistoriou sedes de oito entidades associativas. Em vários casos, foi constatada ausência de infraestrutura compatível com o número de aposentados atendidos. Algumas organizações tinham poucos funcionários, instalações precárias e estruturas que não justificariam a captação e o atendimento de centenas de milhares de associados espalhados por todo o país.

O relatório também aponta que muitas entidades eram formalmente dirigidas por idosos com aposentadoria por incapacidade permanente ou baixa renda, o que levanta suspeitas de “presidências de fachada” usadas para ocultar os verdadeiros gestores.

A CGU destacou ainda que houve registros de procurações amplas transferindo a gestão das entidades para terceiros, o que reforça a hipótese de fraude.

Providências

Em resposta às denúncias, o governo federal suspendeu os descontos de mensalidades associativas em aposentadorias e pensões vinculadas a essas entidades.

A investigação segue em andamento, e as entidades citadas poderão ser responsabilizadas administrativa e criminalmente caso sejam confirmadas irregularidades.

Com informações do g1 e TV Globo — Brasília