Câmara articula aumento de deputados para evitar perdas após decisão do STF

Proposta tenta evitar perda de cadeiras nos estados com queda populacional.
Câmara articula aumento de deputados para evitar perdas após decisão do STF
Câmara pode votar projeto que amplia número de deputados para evitar redistribuição ordenada pelo STF (Foto: Divulgação)

A Câmara dos Deputados deve votar nesta segunda-feira (5) um requerimento de urgência para acelerar a tramitação de um projeto que pode aumentar o número de cadeiras na Casa de 513 para 527, numa tentativa de contornar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina a redistribuição das vagas com base no Censo Demográfico de 2022.

A decisão do STF obriga o Congresso a atualizar a composição da Câmara de acordo com a população de cada estado, sem alterar o número total de deputados. Isso significa, na prática, que estados que cresceram demograficamente ganhariam cadeiras, enquanto outros perderiam. Sete estados, incluindo Rio de Janeiro, Paraíba e Rio Grande do Sul, estariam entre os que teriam bancadas reduzidas.

Reação política e nova fórmula

A proposta em discussão ignora esse modelo e tenta manter todas as vagas existentes, acrescentando novas cadeiras para os estados com crescimento populacional. A medida altera a legislação vigente ao afirmar que a Câmara “não será composta por menos de 513 deputados”, o que abre margem para aumentos futuros, sempre que houver nova contagem populacional.

O relator do projeto será o deputado Damião Feliciano (União-PB), indicado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Feliciano, que representa um dos estados que perderia vagas com a decisão do Supremo, declarou que seu parecer deve preservar a representatividade dos entes federativos. “É muito complicado diminuir. Um deputado não representa só politicamente, ele também impacta economicamente o estado”, afirmou.

Quem ganha com a nova proposta

Se aprovada, a proposta beneficiará sete estados com mais assentos na Câmara:

  • Santa Catarina e Pará: +4 deputados
  • Amazonas: +2
  • Ceará, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso: +1 cada

Enquanto isso, estados que poderiam perder representação manteriam o número atual de cadeiras — um alívio político para as bancadas desses locais.

Críticas ao Censo e disputa com o STF

Além de ampliar as vagas, o projeto também levanta dúvidas sobre o uso do Censo 2022 como critério para redistribuição. A deputada Dani Cunha (União-RJ), autora do texto original, argumenta que o levantamento do IBGE apresentou falhas que prejudicaram diversos estados e municípios, incluindo o Rio de Janeiro, que pode perder até quatro cadeiras.

O relator, Damião Feliciano, não descarta rever o uso do Censo. “É uma questão que será avaliada. Houve muita polêmica sobre a precisão dos dados”, declarou.

Pressão por prazos e riscos fiscais

A votação ocorre sob o relógio: o STF deu prazo até 30 de junho para que o Congresso aprove uma nova composição. Caso contrário, o TSE pode tomar a frente e realizar a redistribuição das vagas via resolução.

Embora os defensores da proposta digam que o aumento de cadeiras não trará impacto fiscal, técnicos da própria Câmara avaliam que será difícil evitar aumento de gastos, considerando salários, benefícios e estrutura para novos parlamentares. Além disso, a medida pode ter efeito cascata nas assembleias legislativas estaduais, que ajustam sua composição com base nas bancadas federais.

Com informações de Kevin Lima, g1 — Brasília