A maternidade onde “nascem” as bonecas reborn

Os clientes recebem certidões de nascimento, carteiras de vacinação fictícias e até a possibilidade de assistir ao “parto” do bebê.
Veja a maternidade onde “nascem” as bonecas reborn
Bonecas que parecem reais têm atraído cada vez mais adeptos (Foto: Reprodução)

Entre vitrines comuns de um shopping em Campinas (SP), uma loja chama atenção por um motivo inesperado: ali, berços, incubadoras e roupinhas dividem espaço com uma sala de parto cenográfica. Mas não se trata de um hospital — e sim de uma “maternidade” especializada em reborns, bonecas hiper-realistas de recém-nascidos que encantam colecionadores e curiosos com sua aparência quase viva.

A responsável por dar vida a esse universo é Alana Nascimento, artista com mais de duas décadas de experiência na criação dessas réplicas minuciosas. “Coloco amor e carinho no meu trabalho”, afirma ela, que transformou sua paixão em um negócio que oferece mais do que produtos: proporciona experiências.

Na loja, não basta comprar a boneca — é possível participar de todo um ritual de adoção. Os clientes recebem certidões de nascimento, carteiras de vacinação fictícias e, para os mais entusiastas, há até a possibilidade de assistir ao “parto” do bebê.

Parto empelicado e emoção à flor da pele

Um dos momentos mais disputados na loja é o chamado “parto empelicado” — uma simulação detalhista em que a boneca parece nascer envolta na bolsa amniótica, em meio a luzes, sons e reações emocionadas. A encenação costuma atrair olhares curiosos de quem passa em frente à loja, e os clientes que assistem à cena relatam fortes emoções.

Outro destaque são as incubadoras com bonecas que apresentam detalhes impressionantes, como pele texturizada e respiração simulada. Um dos modelos mais sofisticados custa R$ 9,5 mil e possui até batimentos cardíacos perceptíveis ao toque.

Além da brincadeira: afeto e controvérsia

A exposição pública do afeto pelas bonecas, no entanto, nem sempre é bem recebida. Vídeos que mostram adultos cuidando dos reborns como filhos geram críticas e comentários debochados nas redes sociais. Para especialistas, o julgamento diz mais sobre a sociedade do que sobre os colecionadores.

“São gostos individuais”, explica a psicóloga Leila Tardivo, da USP. “Por que julgamos uma mulher que brinca com boneca, mas não um homem que coleciona super-heróis?”

Alana reforça que cada cliente chega à loja com uma história única. “Você não sabe pelo que a pessoa passou. Cada um tem o direito de se apegar ao que lhe faz bem.”

Entre arte, memória afetiva e uma boa dose de imaginação, a loja-maternidade de Campinas tenta mostrar que brincar, sentir e cuidar das bonecas pode, também, ser um ato humano.

Com informações do Fantástico