Se há algo que impressiona no futebol brasileiro, de fato, não é a velocidade dos atacantes ou a precisão dos arremates de fora da área, mas sim a incrível capacidade das diretorias de clubes em se surpreenderem com o óbvio. O Fluminense precisou de apenas 90 minutos na estreia do Campeonato Brasileiro para concluir que Mano Menezes não era o treinador ideal para a equipe.
A decisão foi tomada logo após a derrota por 2 a 0 para o Fortaleza, no Castelão, e não houve tempo a perder: reunião no hotel, jantar servido, demissão decretada. Boa parte do elenco já estava recolhida nos quartos, mas os jogadores acordaram no dia seguinte com a notícia que muitos já esperavam—menos, aparentemente, a diretoria tricolor.
O argumento oficial foi que “o trabalho não estava evoluindo”. Uma constatação que, curiosamente, só veio à tona depois de duas semanas de treinos e uma pré-temporada estendida. O desentendimento com Thiago Silva durante a partida, a insatisfação de jogadores com a tática defensiva e o rodízio improvisado de laterais, além da substituição precoce de Serna, foram apenas cerejas no bolo de uma relação que já estava em vias de acabar antes mesmo de começar o Brasileirão.
O curioso é que Mano Menezes foi o mesmo treinador que ajudou a equipe a escapar do rebaixamento na temporada passada, foi o mesmo que comandou 46 partidas, acumulando 21 vitórias, e, ainda assim, teve sua inadequação percebida só agora. O fato de jogadores se incomodarem com o estilo de jogo do técnico também não era novidade para ninguém que tivesse assistido qualquer equipe dirigida por ele nos últimos anos.
Agora, Marcão assume o comando da equipe, porque nada mais brasileiro do que um interino de confiança para apagar incêndios. O Fluminense já viajou para a Colômbia, onde enfrentará o Once Caldas, na terça-feira, pela Sul-Americana.
Dessa vez, resta torcer para que a diretoria não descubra, no intervalo do jogo, que talvez Marcão também não seja o interino ideal.
Por Vinícius Bogéa