A Polícia Federal desmantelou um sofisticado esquema de fraudes que movimentou ao menos R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos, em prejuízo de milhares de brasileiros vulneráveis. O golpe envolvia funcionários da Caixa Econômica Federal e tinha como alvos principais os usuários do aplicativo Caixa Tem, além de pessoas com direito ao FGTS e ao seguro-desemprego.
As investigações apontam que dados sigilosos eram repassados de dentro da instituição para criminosos, que invadiam contas digitais e desviavam valores de forma sistemática. Os golpistas atuavam com deboche e crueldade, explorando a fragilidade de quem mais precisa de assistência pública.
Como funcionava o golpe
O líder da quadrilha, conhecido como “Careca”, foi preso em 2022, no Rio de Janeiro, junto com um comparsa. Embora tenham respondido ao processo em liberdade, o notebook apreendido com eles revelou a estrutura do crime: uma rede de fraudes digitais com apoio interno de servidores da Caixa.
A ação da quadrilha se iniciava com a compra de milhares de CPFs em sites ilegais. A partir daí, era feito um mapeamento para identificar quem tinha benefícios ativos. Com esses dados em mãos, os criminosos contavam com o apoio de funcionários da Caixa que alteravam cadastros no sistema Caixa Tem, substituindo os e-mails dos verdadeiros beneficiários por endereços controlados pelos fraudadores.
Com os acessos modificados, a quadrilha criava novas senhas e assumia o controle total das contas, realizando transferências via PIX, pagamentos de boletos e até saques presenciais com ajuda de servidores corruptos.
Um software simulando múltiplos celulares era utilizado para acessar centenas de contas simultaneamente. Assim, a quadrilha repetia o golpe dezenas de vezes por dia, ampliando seus lucros.
Investigação e prejuízos
Desde 2010, a Polícia Federal conta com um setor especializado no combate a fraudes bancárias. Na última semana, agentes realizaram operações simultâneas em 14 cidades do Rio de Janeiro, apreendendo celulares, computadores e documentos. As autoridades acreditam que diversas quadrilhas semelhantes operam em todo o país.
“O fortalecimento das áreas antifraude das instituições financeiras é crucial. Estamos implementando sistemas com biometria e inteligência artificial para prevenir e detectar essas ações de forma preditiva”, afirmou o delegado da PF-RJ, Pedro Bloomfield Gama Silva, que conduz as investigações.
O que diz a Caixa
Em nota, a Caixa Econômica Federal reconheceu que os criminosos sacaram R$ 2 bilhões de beneficiários nos últimos cinco anos, mas informou que os valores foram restituídos às vítimas. A instituição também afirmou que todos os funcionários envolvidos foram demitidos.
Quem for vítima de fraude no Caixa Tem deve procurar uma agência da Caixa ou entrar em contato pelo número 0800 726 0101.
Apesar da gravidade dos crimes, os servidores e demais integrantes da quadrilha estão respondendo em liberdade.
Com informações do Fantástico