O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu, nesta quinta-feira (16), afastar Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão é do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que também nomeou o vice-presidente Fernando Sarney como interventor responsável por conduzir o processo de transição e convocar novas eleições “com a máxima urgência”.
A medida anula o acordo que havia encerrado uma ação judicial contra o processo eleitoral da CBF, realizado em março. Segundo o magistrado, há indícios de que a assinatura do ex-presidente Coronel Nunes, um dos signatários do documento, tenha sido falsificada. Além disso, o juiz questiona a capacidade mental de Nunes na ocasião da assinatura.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora por esta Corte, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários”, escreveu o desembargador na decisão.
O acordo em questão havia viabilizado a eleição de Ednaldo Rodrigues por aclamação em 24 de março. Agora, com a anulação do documento, abre-se espaço para uma nova disputa pelo comando da entidade.
Fernando Sarney, indicado como interventor, é um dos vice-presidentes da CBF e representa um grupo de oposição a Ednaldo. Ele não integrou a chapa da última eleição e tem mandato como vice até março de 2026.
A ação judicial voltou ao TJ-RJ após decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no início do mês, rejeitou um pedido de afastamento imediato, mas determinou a apuração urgente dos fatos levantados nas petições.
Entre os autores das representações estão o próprio Fernando Sarney e a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), que apresentaram um laudo pericial apontando divergências na assinatura atribuída ao Coronel Nunes.
Na última segunda-feira (13), o magistrado chegou a tentar ouvir Nunes em audiência, mas o ex-dirigente não compareceu por questões de saúde, segundo seu advogado. Diante disso, o juiz cancelou a oitiva e seguiu para a decisão.
Esta é a segunda vez que Ednaldo Rodrigues é destituído do cargo pelo TJ-RJ. Em dezembro de 2023, o tribunal já havia determinado seu afastamento, mas a decisão foi revertida posteriormente pelo STF.
Manobra antes da queda
Três dias antes da decisão judicial, Ednaldo anunciou publicamente a contratação do técnico Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira, mesmo sem confirmação do Real Madrid, atual clube do treinador. A atitude foi interpretada nos bastidores como uma tentativa de fortalecer sua posição institucional em meio à crise.
Na terça-feira (14), Ednaldo também reuniu presidentes de federações estaduais na sede da CBF. Na ocasião, seu corpo jurídico expôs a estratégia de defesa e demonstrou confiança na permanência dele no cargo — pelo menos até um eventual julgamento no STF, o que já havia ocorrido em episódios anteriores.
Agora, a CBF volta a viver um cenário de incertezas jurídicas e disputa interna, com Fernando Sarney no centro das atenções como interventor designado pela Justiça.