Uma tragédia com aparência de presente de Páscoa. O que parecia ser um gesto de carinho escondia um suposto plano de vingança que resultou na morte de um menino de 7 anos e deixou sua mãe e irmã em estado grave. O caso registrado na cidade de Imperatriz (MA) e ganhou repercussão nacional, e está sendo investigado como homicídio por envenenamento.
📍Linha do tempo do crime
📦 Quarta-feira, 16 de abril – 18h
Na casa da família Rocha Silva, em Imperatriz, um motoboy chega com uma encomenda: um ovo de Páscoa acompanhado de um bilhete com os dizeres:
“Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa.”
O chocolate foi entregue sem identificação de remetente. Pouco depois da entrega, Mirian recebe uma ligação. Do outro lado da linha, uma mulher pergunta se ela havia recebido o presente. “Recebi sim. Quem é?”, respondeu Mirian. A voz feminina apenas respondeu:
“Você vai saber quem é.”
E desligou.
🍫 19h30 – A família consome o ovo
Mirian e seus filhos, Luís Fernando, de 7 anos, e Evelyn Fernanda, de 13, comeram o chocolate. Pouco tempo depois, o menino começa a se sentir mal. “Ele falou: ‘mãe, eu tô mole’”, contou a tia Naíza Santos. Inicialmente, pensaram se tratar de uma brincadeira. Mas, em segundos, ele desmaiou.
A mãe corre até a casa da avó, pedindo socorro.
🚨 20h30 – Corrida ao hospital
Luís Fernando é levado ao Hospital Municipal de Imperatriz (HMI). De acordo com a equipe médica, ele chega em estado gravíssimo, com sinais de intoxicação severa. O menino passou mais de uma hora em reanimação, mas não resistiu.
À medida que o desespero tomava conta do hospital, Mirian começou a apresentar os mesmos sintomas: mãos roxas, rigidez, falta de ar. Em seguida, Evelyn Fernanda, a filha mais velha, também dá entrada com sintomas semelhantes. As duas foram entubadas e levadas à UTI.

🕵️♂️ A investigação: um plano com nome e motivação
A Polícia Civil começou a montar o quebra-cabeça já na madrugada. A hipótese de envenenamento foi levantada rapidamente. A chave da investigação surgiu com o depoimento do atual namorado de Mirian: ele revelou que sua ex-companheira, Jordélia Pereira Barbosa, de 36 anos, havia tido conflitos recentes com ele e poderia ter envolvimento com o caso.
Com o apoio de câmeras de segurança, comprovantes de compra e depoimentos, os investigadores rastrearam Jordélia. Ela havia saído de Santa Inês e se hospedado em um hotel em Imperatriz no mesmo dia do crime. Foi flagrada por câmeras disfarçada, usando peruca e óculos escuros, comprando materiais de Páscoa em uma loja especializada.
A polícia também localizou o motoboy responsável pela entrega do chocolate, que confirmou o endereço de retirada e as instruções de entrega dadas pela suspeita.
🚨 Prisão em flagrante e confissão parcial
Na quinta-feira (17), já de volta a Santa Inês, Jordélia foi presa ao desembarcar de um ônibus interestadual. Com ela, a polícia apreendeu duas perucas, restos de chocolate, medicamentos, granulado e bilhetes de passagem.
Durante o interrogatório, ela confessou ter comprado o ovo, mas negou o envenenamento. No entanto, os indícios reunidos pela Polícia Civil, segundo o delegado-geral Manoel Almeida, são considerados robustos.
“A suspeita é clara: o crime foi motivado por ciúmes e vingança. Ela era ex-companheira do atual namorado da vítima e, segundo os elementos colhidos, planejou todo o ato”, afirmou o secretário de Segurança Pública, Maurício Martins.
🔬 Perícia e próximos passos
O conteúdo do ovo de Páscoa foi enviado ao Instituto de Criminalística (Icrim), que deve emitir laudo técnico nos próximos dias. Também foram solicitados exames de sangue das vítimas e análise dos objetos apreendidos com a investigada.
A polícia investiga agora se outras pessoas participaram do crime ou ajudaram no planejamento. Jordélia está detida no Presídio de Santa Inês e será indiciada por homicídio qualificado e duas tentativas de homicídio.
⚖️ Revolta, luto e busca por justiça
Enquanto a perícia tenta identificar o tipo de veneno utilizado, a cidade de Imperatriz acompanha, em choque, o desdobramento do caso. Luís Fernando foi enterrado sob forte comoção. Mirian e Evelyn seguem entubadas em estado grave, lutando pela vida.
O que começou com uma embalagem festiva se revelou um crime minuciosamente planejado, motivado por sentimentos extremos e uma trágico fim.
O caso agora deve caminhar para o tribunal, onde a justiça buscará respostas para uma tragédia marcada por dor, perda e crueldade disfarçada de chocolate.