Desde que foi anunciada, em 2021, The Line se tornou símbolo de uma nova fronteira urbana — ousada, polêmica e extremamente ambiciosa. Projetada como uma faixa de 170 km cortando o deserto de Tabuk, na Arábia Saudita, a cidade espelhada com 500 metros de altura pretende reinventar o conceito de metrópole ao eliminar carros, ruas e a expansão horizontal.
Parte do projeto NEOM, a The Line propõe uma vida compacta em módulos verticais, com tudo — moradia, trabalho, lazer, natureza e serviços — acessível em cinco minutos a pé. Energia renovável e inteligência artificial controlarão mobilidade, iluminação e abastecimento. Desde o início, o plano chamou atenção por sua escala inédita e pela promessa de revolucionar o urbanismo.
Apesar das dúvidas que cercam sua viabilidade técnica e financeira, a obra segue em curso. Terraplenagem, movimentação de solo e cravação de estacas começaram no final de 2022, e, até março de 2023, mais de 4.500 fundações haviam sido implantadas. A construção ocorre em módulos de 800 metros para facilitar o avanço por etapas.
Em 2024, as autoridades sauditas confirmaram que os primeiros 5 km da The Line devem ser concluídos até 2030. A previsão é que a cidade completa fique pronta em 2045. A Hidden Marina — o porto futurista que atenderá à NEOM — também está em andamento e incluirá residências para até 200 mil pessoas, além de infraestrutura de varejo, saúde e educação.
O projeto reúne nomes de peso da engenharia e arquitetura mundial. A Delugan Meissl Associated Architects lidera o design urbano; a Gensler coordena o planejamento e integração dos setores; e a Mott MacDonald responde pela supervisão da infraestrutura e sustentabilidade.
Outro destaque recente foi a confirmação de que a The Line terá papel estratégico na Copa do Mundo FIFA de 2034, sediada na Arábia Saudita. Um estádio a mais de 350 metros de altura está sendo planejado para funcionar 100% com energia solar e eólica. Após o torneio, o espaço será incorporado à paisagem urbana como centro esportivo permanente.
Mesmo com prazos longos e uma série de desafios tecnológicos, políticos e climáticos pela frente, a The Line continua despertando interesse mundial — tanto pela promessa futurista quanto pelo debate sobre seus limites reais.