Netinho de Paula é citado em denúncia sobre agiotagem ligada ao PCC

Netinho de Paula é citado em denúncia sobre agiotagem ligada ao PCC
Netinho de Paula é citado em denúncia do Ministério Público (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo revelou que o cantor e ex-vereador Netinho de Paula tomou empréstimos com Ademir Pereira de Andrade, um agiota ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

O documento, obtido pela TV Globo, inclui a denúncia de 12 pessoas, entre elas Ademir e oito policiais civis, sob acusações de envolvimento com a facção, lavagem de dinheiro, tráfico e corrupção. A investigação tem relação com Vinicius Gritzbach, um delator do PCC que foi assassinado no ano passado.

Netinho não é investigado pelo MP, mas seu nome aparece na denúncia.

A ligação de Netinho com o agiota

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Ademir atuava como operador financeiro da facção criminosa e era chamado de “Banco da gente” pelo cantor.

A quebra de sigilo telemático do celular de Ademir revelou conversas que indicam a prática de empréstimos a juros. Em uma mensagem de maio de 2023, Netinho menciona um pagamento de R$ 500 mil e outro de R$ 2 milhões.

“As questões dos juros eu vou pagando para você o que for dando aí, pode ficar tranquilo tá bom?”, escreveu o artista.

A denúncia também aponta que Netinho e Ademir conversaram sobre formas de beneficiar membros do PCC presos. O cantor teria enviado anexos com informações sobre inspeções em presídios e visitas da Comissão de Direitos Humanos da Câmara à Penitenciária Federal de Mossoró, onde estavam detidos chefes da facção.

Em resposta ao Portal Leo Dias, Netinho disse que conhece Ademir há oito anos, que já fez shows para ele e que tomou empréstimos sem saber de seu vínculo com o crime organizado.

A defesa do cantor não se pronunciou até o momento.

O esquema investigado pelo MP

O Ministério Público aponta que os 12 acusados usavam a estrutura do Estado para favorecer o PCC. Além das denúncias, o órgão pede uma indenização de R$ 40 milhões por danos causados pelos crimes e prejuízos à sociedade.

A investigação revelou um esquema no qual policiais civis e empresários colaboravam com o crime organizado. Delegados e investigadores supostamente desviavam investigações e garantiam impunidade aos criminosos em troca de vantagens financeiras.

Entre os crimes atribuídos ao grupo estão corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um dos casos citados na denúncia é a execução de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC, assassinado a tiros no Aeroporto de Guarulhos.

Agora, a Justiça de São Paulo deve decidir se aceita a denúncia do Ministério Público para que o caso avance.

Quem são os denunciados

  1. Ademir Pereira de Andrade
  2. Ahmed Hassan Saleh
  3. Eduardo Lopes Monteiro (investigador da Polícia Civil)
  4. Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)
  5. Marcelo Marques de Souza (investigador da Polícia Civil)
  6. Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)
  7. Robinson Granger de Moura
  8. Rogério de Almeida Felício (policial civil)
  9. Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Polícia Civil)
  10. Danielle Bezerra dos Santos
  11. Valdenir Paulo de Almeida (policial civil)
  12. Valmir Pinheiro (policial civil)

Com informações da TV Globo e G1 SP