Quarenta e seis das 53 universidades brasileiras presentes no ranking mundial de melhores instituições perderam posições em 2025, segundo o Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR). O relatório, divulgado nesta segunda-feira (2), reforça um cenário preocupante: a queda de competitividade global tem como pano de fundo a falta de investimentos públicos e o enfraquecimento da pesquisa acadêmica.
A Universidade de São Paulo (USP) segue sendo a instituição brasileira mais bem colocada, ocupando o 118º lugar — mas também viu seus índices caírem. Houve queda nos indicadores de qualidade da educação, empregabilidade, qualidade do corpo docente e produção científica. Apenas sete universidades brasileiras conseguiram subir no ranking, enquanto a grande maioria foi superada por concorrentes internacionais.
Na lista das dez melhores brasileiras estão ainda a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que subiu para a 331ª colocação, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), agora em 369º lugar. Em seguida, aparecem a Unesp (454º) e a UFRGS (476º). Apesar do fôlego de algumas instituições, o cenário geral aponta para um declínio preocupante.
“O Brasil continua bem representado entre as melhores universidades do mundo, mas a queda generalizada mostra como o país está perdendo força no campo acadêmico”, avalia o presidente do CWUR, Dr. Nadim Mahassen. “Sem novos investimentos e um plano estratégico, o Brasil corre o risco de ficar ainda mais para trás.”
A edição de 2025 analisou 74 milhões de dados relacionados à qualidade de ensino, empregabilidade, corpo docente e pesquisa, classificando 21.462 universidades e elencando as duas mil melhores do mundo. Entre elas, 53 são brasileiras — mas quase todas em queda.
Os gigantes no topo e o avanço chinês
Lá no topo, as universidades norte-americanas seguem dominando: Harvard está em primeiro lugar pelo 14º ano consecutivo, seguida pelo MIT e pela Universidade Stanford. A Universidade de Cambridge e a de Oxford, no Reino Unido, completam o pódio.
Apesar do domínio dos EUA no top 5, a China superou os americanos no número total de universidades no ranking: são 346 instituições chinesas, contra 319 dos Estados Unidos.
A classificação do CWUR considera quatro fatores principais: qualidade da educação (25%), empregabilidade (25%), qualidade do corpo docente (10%) e produção científica (40%).
Próximos passos para as universidades brasileiras
Se a falta de investimento público for mantida, a tendência é que as universidades brasileiras fiquem cada vez mais distantes dos centros de excelência global. Para muitos especialistas, o desafio não está apenas em melhorar as notas de desempenho, mas em fortalecer a infraestrutura de pesquisa e valorizar o trabalho acadêmico — algo que vai muito além de rankings, mas que tem neles um termômetro incontestável.